# 134 - Pelo direito de me transformar



Eu não sou feita de pedra, não sou a mesma que era ontem. Não sou estática, imóvel. Minhas vontades são as vontades daquele momento, os meus sonhos crescem e os meus desejos são mutáveis. Eu sou um ser fluído, que se modifica a cada instante e a se adapta a realidade que me é dada. O que eu quero hoje pode nem fazer mais sentido amanhã ou daqui duas horas, quem sabe.

Já dizia Raul “eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela mesma opinião formada sobre o mundo”, e ele tinha toda razão. Eu sou um ser vivo, e viver é mudar de ideia a cada nova ideia. Eu prefiro estar errada mil vezes do que estar errada apenas uma vez e não ter a sabedoria e humildade pra admintir que um novo olhar é preciso.

Eu sou assim. Essa é a minha natureza, mas não é a de todo mundo. Muita gente não gosta de mudança não. Há aqueles que até ousam dizer que se está sendo falso quando se adota um novo ponto de vista. Isso realmente me tira do sério, por ser falso é negar a sua verdadeira opinião, e não mudá-la frente a novos fatos.

Parece que mudar de ideia chega muitas vezes a ofender gente que nem tem a ver com o pato. É, mudança ofende! Mas eu entendo, porque a transformação no outro faz com que a pessoa questione os seus próprios conceitos e, realmente, para os seres cristalizados não deve haver nada mais assutador.

Pois é através deste texto que eu exigo o direito da constante transformação. Exijo poder gostar de Engenheiros do Havaii mesmo tendo detestado a banda a uns 10 anos atrás, exijo poder não gostar de yakult mesmo tendo bebido isso a infância inteira, exijo o direito de mudar de profissão se me der na telha, exijo poder gostar e desgostar daqueles que conheço. E acima de tudo, me recuso a ser cobrada por não pensar como pensava antes.

Mudar é crescer e se adptar. Prefiro isso a paralizar minhas ideias.



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