Eu sempre tive bons amigos, pessoas que estavam e estão sempre ao meu lado, com quem eu posso contar, com quem eu compartilho muitos momentos da minha vida. Amigos que moram perto, que moram longe, que eu vejo todo dia, que eu vejo pouco, amigos e amigas, mais velhos, mais novos, mas que de alguma maneira agregaram valor a minha vida, assim como eu agreguei à deles.
Hoje eu fui a despedida de um amigo meu que está indo morar na Austrália por no mínimo um ano. A gente se conhece a quase 10 anos e ele foi, é e sempre será uma das minhas pessoas preferidas desse mundo. Uma das pessoas mais engraçadas que eu conheço, sempre de bom humor e que se nega a perder tempo com qualquer tipo de briga desnecessária. É verdade que nos últimos anos a gente se viu menos, mas ele nunca saiu da minha lista de BFFs.
Não preciso nem falar que quando fui me despedir dele, caí no choro. Era inevitável, eu sou uma manteiga derretida até com filmes, então imagina quando um amigo meu está indo morar do outro lado do mundo. Fui chorando o caminho todo até em casa (uma hora e meia de viagem). Ok, a pessoa está indo morar muito longe, por um longo período de tempo, mas lá estava eu me debulhando em lágrimas, e quando parei pra analisar percebi que já estava chorando além da conta e me perguntei porque eu estava me sentindo assim.
Como eu disse, a gente se conhece a quase 10 anos, e a gente mora relativamente perto um do outro. E, sem perceber, eu o vi muito pouco nos últimos anos e me senti mal por não ter ligado mais, ou combinado de sair mais com ele. Agora que ele está indo pra tão longe que eu percebi quanta saudade eu vou sentir, e quanta oportunidade de aproveitar a companhia dessa pessoa eu perdi enquanto ele morava a quinze minutos da minha casa.
A impressão que eu tenho é que hoje nós vivemos em um mundo com tanta informação, tantos prazos, tantas cobranças nem sempre válidas, que nós estamos ficando com dificuldade de filtrar tudo isso e separar aquilo que realmente importa. Quantas pessoas não passam horas no Facebook, no Twitter, lendo informações que não trazem o menor benefício as suas vidas, distraídos pela ilusão de estarem atualizados com fatos que nunca serão utilizados, mas que deixam de ligar pra amigos porque estão sem tempo, por achar que podem deixar pra depois, ou por pura preguiça.
Sim, eu confesso, me tornei uma dessas pessoas e começo a perceber o quanto perderei se continuar agindo dessa maneira, esquecendo daquilo que realmente importa pra minha vida.
E não é só nosso tempo que é consumido em vão, são nossos pensamentos, nossas preocupações, nossa energia desperdiçada em assuntos inúteis, comendo espaço pra pensar naquilo que nos traz verdadeiro prazer e satisfação. Desinformação disfarçada de comunicação vital a nossa existência, que faz com que redirecionemos nossa atenção e nossa intenção daquilo que é real, daquilo que amamos, dos outros a nossa volta. É lixo disfarçado de pedra preciosa. Deixamos assim pra mais tarde aquilo que temos a ilusão de que estará sempre disponível, mas nada é eterno nesse mundo e não temos como saber ao certo nem mesmo o que acontecerá daqui a quatro segundos.
E sim, confesso que não tenho selecionado e direcionado a energia dos meus pensamentos para as coisas certas.
Já me afastei de muita gente por simples má vontade de botar a mão no telefone. Talvez uma dessas pessoas pudesse fazer uma diferença maior na minha vida do que o resto das coisas que consumiram meu tempo sem me dar nada em troca. Já teve gente que eu deixei pra ligar depois, e quando eu tava com saudade de verdade da pessoas, não ligava por vergonha, porque já havia passado muito tempo. E claro, da mesma forma essas pessoas também poderiam ter me ligado, mas eu não as culpo, simplesmente as entendo, e se todos ficarem esperando o outro tomar alguma atitude o mundo vai parar e ninguém mais vai ver ninguém.
Mas essas distrações do mundo moderno não são apenas meras distrações. São agentes de fuga, pra onde corremos e ficamos por algumas horas do dia, afim de desligar temporariamente nossas mentes pra não lidar com a pressão constante que sofremos de nosso trabalho, de nossa família, da faculdade, do namorado. E aí estamos falando de redes sociais, vídeo game, Big Brother, novela, e qualquer outra coisa utilizada com esse propósito. Deixo claro que não estou condenando esse tipo de entretenimento por completo, apenas destaco o mau que o excesso disso tudo pode causar a longo prazo as nossas vidas.
Ao invés de utilizarmos essas mídias e divertimentos a nosso favor, nos deixamos ser usados por elas. Assim como a maioria das coisas na vida, o problema não é a coisa em sí, mas o quanto da coisa estamos consumindo e como este consumo está ocorrendo. Parando pra pensar, o que vale mais: um abraço e uma conversa cara-a-cara ou uma twittada, um chopp no bar com os amigos ou um episódio de The Big Ban Theory? As pessoas estão sim se afastando umas das outras, e a culpa não é de todo esse repertório tecnológico que está ao nosso dispor, mas sim da nossa falta de critério ao selecionar o que queremos pra nós mesmos, do nosso medo de enfrentarmos nossos obstáculos e ir atrás do que realmente importa, da nossa ingenuidade ao achar que esse tempo não fará falta. Porque fará.
Não vou mais ficar me remoendo, pensando naquilo que poderia ter feito e não fiz, vou pensar no que farei daqui pra frente. Hoje eu decidi nunca mais sentir culpa ou remorso por não ter passado mais tempo com aqueles que eu amo. Decidi que o que importa pra mim não é estar por dentro de todas as novidades da moda, quem foi pro paredão, se a Cleo Pires pegou uma onda na praia, se eu já posso colher minhas cenouras no FarmVille ou quem são as finalistas do America's Next Top Model.
O que importa pra mim são as pessoas. E agora o jeito é aguentar a saudade.
Bjus =*
Juliana
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