# 41 - Musas Inspiradoras da Nossa Vida

Oiiie gente!

Hoje li uma matéria muito boa na revista Claudia: 50 mulheres que mudaram o mundo.
É uma lista das 50 mulheres que contribuíram significantemente com a literatura, a política, o esporte, o cinema, a ciência e muitos outros campos, e deixaram sua marquinha nessa mundo. Na lista estão Madonna, Madre Teresa de Calcutá, Princesa Diana, Elis Regina, Oprah, Coco Channel, Evita Peron e muitas outras.

Isso me fez pensar nas mulheres que admiro, e que na minha opinião fizeram uma grande diferença no seu campo de atuação. É por isso que resolvi criar essa coluna nova aqui no blog: Musas Inspiradoras da Nossa Vida. Nessa coluna, trarei sempre uma mulher que se destacou em sua época e sua área, contando um pouco de sua biografia e o que a diferenciou de tantas outras.

Como vocês sabem, escrever é a minha grande paixão. Além de ser assistente administrativa durante o dia, estudante de Psicologia a noite,  filha, namorada e amiga full time, eu também sou blogueira (obviamente) e aspirante a escritora nas horas vagas (espero um dia poder fazer dessa paixão a minha profissão principal). Olhando essa lista, uma pessoa é sem dúvida uma das mulheres que eu mais admiro, por ter quebrado tabus e fazer o que fez de forma singular. Uma das maiores escritoras do nosso país, com uma riquíssima contribuição a literatura brasileira, que escreveu até seus últimos dias: Clarice Lispector, a número 5 da lista da Claudia.

Clarice Lispector

Nascida na Ucrânia no dia 10 de dezembro de 1920 (sagitariana, lóóóógico), veio com sua família para o Brasil com pouco mais de 1 ano. Seu nome de batismo era Haia Pinkhasovna Lispector, mas para a melhor adaptação da família ao novo país, todos mudaram seus nomes, e foi quando Haia se tornou Clarice.
De família judia, veio com seus pais e irmãs pra cá por causa da perseguição aos judeus na época da Guerra Civil Russa. Chegaram primeiramente em Maceió e 3 anos depois se mudaram para Recife, onde Clarice passou parte de sua infância e aprendeu a ler e a escrever.

Aos 10 anos, Clarice perde sua mãe. Aos 14, muda-se com sua família para o Rio de Janeiro.
Em sua adolescência, entra em contato com escritores nacionais, como Rachel de Queiroz, Machado de Assis, Graciliano Ramos e Jorge Amado. Foi professora de português e matemática quando passou por dificuldades financeiras. Aos 19, entra para a Faculdade Nacional de Direito, enquanto trabalha como secretária em um escritório de advocacia.

Em 1940, dois de seus contos são publicados. O primeiro, Triunfo, é publicado em 25 de maio no semanário "Pan". O segundo, Eu e Jimmy, é publicado em outubro do mesmo ano, na revista "Vamos ler!". No mesmo ano, seu pai vem a falecer. Motivada, talvez, pela morte do pai, Clarice escreve diversos contos: A fuga, História interrompida e O delírio, todos publicados após sua morte na coletânea A Bela e a Fera. Clarice se torna então tradutora do Departamento de Imprensa e Propaganda, ganhando assim o cargo de redatora e reporter da Agência Nacional. Assim, inicia-se sua carreira de jornalista.


Contribuiu com vários jornais (inclusive com o "Diário do Povo" aqui de Campinas), e com a revista de sua faculdade. Em 1942, escreve seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem, que no ano seguinte lhe concederia o prêmio Graça Aranha de melhor romance do ano. Aos 23 anos de idade, ela se casa com seu namorado e colega de faculdade, Maury Gurgel Valente, e termina o curso de Direito. 

Escreveu seu segundo romance, O ilustre, enquanto morava na Europa por conta do trabalho diplomático de seu marido. Ela não conseguia se adaptar a vida longe do Brasil, dizia não ser ela mesma quando estava lá. Aos 28 anos, deu a luz a seu primeiro filho e termina A cidade sitiada. No ano seguinte, retorna ao Brasil.

Escreveu contos, morou por 6 meses na Inglaterra, e aos 33 anos deu a luz a seu segundo filho, quando tinha acabado de se mudar para os Estados Unidos. Seu tempo era dividido entre os filhos e seus contos e romances. Sempre contou com seus grandes amigos Érico Veríssimo e Rubem Braga. Aos 39 anos, separa-se do marido e volta a morar no Brasil com seus filhos.

Em 1960, publica seu primeiro livro de contos, Laços de família. Escreve pra jornais sob vários pseudônimos. Quatro anos depois, publica A legião estrangeira e A paixão segundo G. H. Em 1966, Clarice adormece com um cigarro em suas mãos, causando um incêndio que a mudaria para sempre. Ela ficou 2 meses hospitalizada e quase teve sua mãe direita amputada. Por causa das cicatrizes profundas que o incêndio causou, ela passa por um período de depressão. Mas nem mesmo a depressão a impediu de escrever. No mesmo ano, começa a escrever crônicas no "Jornal do Brasil" e lança o livro infantil O mistério do coelho pensante.

Fez entrevistas para a revista "Manchete", participa de manifestações contra a ditadura, é assistente de administração do Estado, dá palestras em universidades e publica mais um livro infantil, A mulher que matou os peixes. Logo depois, publicou Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres.

Como eu disse antes, sua contribuição para a literatura foi gigantesca. Publicou Água Viva, Felicidade Clandestina, A imitação da rosa, A vida íntima de Laura, A via crucis do corpo, Onde estivestes de noite, Visão do esplendor e De corpo inteiro.

Em 1976, começa a escrever A hora da estrela, que é publicado no ano seguinte. Esse é seu romance mais famoso, sendo até mesmo adaptado pro cinema. Logo após o lançamento deste livro, Clarice falece em 09 de dezembro de 1977 (véspera de seu aniversário de 57 anos) devido a um tumor ovariano irreversível, do qual ela não tinha conhecimento.

Postumamente foram publicados A bela e a fera, Quase de verdade, Um sopro de vida (pulsações), A descoberta do mundo, Como nasceram as estrelas, Cartas perto do coração, Correspondências, Aprendendo a viver, Outros escritos, Correio feminino, Entrevistas, Minhas queridas e Só para mulheres.


Essa mulher passou por sérios obstáculos desde o momento de seu nascimento. Mas nada a deteve de seu destino, de sua paixão, daquilo que havia nascido pra fazer e sem o qual não saberia viver. Ela escrevia em qualquer situação, nos momentos mais felizes de sua vida, e também nos mais tensos. Nem mesmo a quase perda de sua mão - que pra ela era mais do que uma mão, o instrumento que possibilitava o seu trabalho e vocação - a fez parar de escrever. Como ela mesmo disse em uma entrevista, "escrevo pra me manter viva".

Sua narrativa é inconfundível, sua linguagem é direta, suas obras são vicerais.Clarice puxa o leitor para o seu lugar, pra que o leitor sinta o que ela sintia, saiba o que ela sabia. Ao ler Clarice, você se torna Clarice.

O que essa mulher conquistou é priceless, e nós só temos a agradecer por podermos entrar em contatos com obras ímpares como as dela. Termino com um trecho de um texto dela:


"Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!"

Clarice Lispector


Espero que tenha gostado da nova coluna, podem mandar sugestões de mulheres que te inspiram e que vocês gostariam de ver aqui :)

E vocês, já leram alguma obra da Clarice? O que acham dos livros dela?

Bjus =*
Juliana

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