Eu não sou
feita de pedra, não sou a mesma que era ontem. Não sou estática, imóvel. Minhas
vontades são as vontades daquele momento, os meus sonhos crescem e os meus
desejos são mutáveis. Eu sou um ser fluído, que se modifica a cada instante e a
se adapta a realidade que me é dada. O que eu quero hoje pode nem fazer mais
sentido amanhã ou daqui duas horas, quem sabe.
Já dizia
Raul “eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela mesma opinião
formada sobre o mundo”, e ele tinha toda razão. Eu sou um ser vivo, e viver é
mudar de ideia a cada nova ideia. Eu prefiro estar errada mil vezes do que
estar errada apenas uma vez e não ter a sabedoria e humildade pra admintir que
um novo olhar é preciso.
Eu sou
assim. Essa é a minha natureza, mas não é a de todo mundo. Muita gente não
gosta de mudança não. Há aqueles que até ousam dizer que se está sendo falso
quando se adota um novo ponto de vista. Isso realmente me tira do sério, por
ser falso é negar a sua verdadeira opinião, e não mudá-la frente a novos fatos.
Parece que mudar
de ideia chega muitas vezes a ofender gente que nem tem a ver com o pato. É,
mudança ofende! Mas eu entendo, porque a transformação no outro faz com que a
pessoa questione os seus próprios conceitos e, realmente, para os seres
cristalizados não deve haver nada mais assutador.
Pois é
através deste texto que eu exigo o direito da constante transformação. Exijo
poder gostar de Engenheiros do Havaii mesmo tendo detestado a banda a uns 10
anos atrás, exijo poder não gostar de yakult mesmo tendo bebido isso a infância
inteira, exijo o direito de mudar de profissão se me der na telha, exijo poder gostar
e desgostar daqueles que conheço. E acima de tudo, me recuso a ser cobrada por não
pensar como pensava antes.
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